“O objetivo desse encontro é a construção de oficinas para criar ações de trabalho da Cufa, buscando parcerias como por exemplo, a construção de Centros Esportivos - com quadras poliesportivas, salas multiuso, arenas, vestiários, banheiros, entre outros” anunciou Celso Ataide. Segundo ele, esse espaçoes serão uma referência da comunidade e funciorarão como centros de convivência promovendo, inclusive, o basquete de rua e o hip-hop, sediando eventos culturais, escolares e esportivos. O Pronasci é uma iniciativa inédita de combate a criminalidade no país. Tem como público alvo jovens de 15 a 25 anos egressos no sistema prisional, reservistas, em descontrole familiar e em conflito com a lei, presos ou adolescente infrator. As ações são desenvolvidas em regiões metropolitanas brasileiras mais violentas.
MV Bill, por sua vez, elogiou a proposta do governo federal junto ao Pronasci, voltada para a segurança pública e aos jovens. Segundo ele, o diálogo é uma forma muito importante de atrair a juventude que é vitimada e reprodutora dessa violência. “Por meio do esporte, da educação também estaremos usando esses jovens como exemplos de resgate, como protagonistas dessas mudanças, pois agora as politicas chegam com eficiência porque são propostas às lideranças que atuam em comunidades polulares”, afirma.
Representando o ministro do Esporte, Orlando Silva, o secretário executivo fez uma retrospectiva da historia do esporte no pais, e mostrou os avanços do setor. Ele lembrou que o acesso que antes era assegurado prioritariamente à uma minoria de jovens estudantes em colégios particulares, detentoras de excelentes infra-estruturas esportivas - desde 2003 com a constituição de um ministério exclusivo do Esporte, passou a ser um direito do cidadão e a ser universalizado. “Isso implica dizer sociedade sadia embuida nos valores do esporte é sinônimo de cabeça sadia. Os grandes campeões olímpicos sairam das periferias da cidade. Um bom exemplo aconteceu com o futebol”, citou.
Ele destacou ainda que o Ministério do Esporte por meio de quatro programas também está sendo beneficiado pelo Pronasci. O convênio interministreial envolveu um repasse, para 2008, no valor de R$ 32.470.788,44.
Os recursos foram destinados aos programas: Praças da Juventude, que já está construindo praças novas em vários estados do país; ao Esporte e Lazer da Cidade, que garante ações de esporte e de lazer aos jovens inseridos em suas em comunidades carentes; ao Pintando a Liberdade, que por meio da produção de material esportivo promove a ressocialização de detentos do sistema prisional do país; e ao Pintando a Cidadania, que através da produção também de material esportivo gera emprego e renda às famílias carentes.
O Preto Zezé da CUFA CEARÁ apresentou a proposta e objetivos do projeto “Os Invisíveis”, situado a partir de uma leitura histórica do desenvolvimento do Brasil enquanto nação e sua configuração atual de sociedade, que se constitui num modelo de exclusão implantado desde o descobrimento, cujo processo foi marcado pelo extermínio das populações indígenas e do tráfico de negros, reproduzido até hoje como sistema de exclusão destas populações na sociedade civil.
“O fato de sermos ex-invisíveis nos credencia a fazer a mediação de acesso do Pronasci com as comunidades aonde o programa vai atuar”, afirma Zezé.
O projeto trata ainda sobre um novo olhar para o comportamento juvenil, como sinalização de promover sua auto-afirmação. “Quando um jovem entra no crime, ele quer ter condições de se auto-afirmar através de uma lógica mais simbólica”, acrescenta Zezé.
O coordenador cearense concluiu sua fala dizendo que “o nosso desafio é construir através deste projeto a aproximação deste jovem invisível”. Zezé explicou que uma das propostas do projeto é construir um prêmio para reconhecer as habilidades dos jovens e, a partir disso, construir uma “visibilidade positiva”, dando, ao mesmo tempo, um enfoque não estigmatizado à sua comunidade.
Alzira classificou o projeto como “um marco”, pois “sintetiza uma técnica social que a Cufa já construiu e desenvolveu ao longo dos seus 10 anos de atividade”. “Agora”, acrescentou, “esta técnica está a serviço do Estado”.
Através deste projeto, a Cufa “traz à cena sujeitos políticos coletivos que sempre estiveram ausentes da cena política brasileira, contribuindo para a mediação de acesso dos jovens aos territórios livres de cidadania”.Outro conceito importante que norteia o projeto é o da “re-significação do espaço da favela”, atualmente conhecido como espaço do medo, mas que pode vir a ser conhecido pela sua cultura.
Tarso: “Cufa é importante para o Brasil”
Ministro ao lado dos membros da Cufa RN (esq.) e RS (dir.)
O ministro da Justiça, Tarso Genro, falou do significado da Cufa, de sua importância política para o Brasil e da importância deste evento para a estratégia de segurança nacional no Pronasci.
Para contribuir com a nossa reflexão o ministro fez uma breve explanação histórica partindo da constituição de 1988, momento em que vivemos um marco no processo político e que começamos a desenvolver uma revolução democrática do ponto de vista pacífico, que abre a perspectiva de evolução política de novos protagonistas. “Essa não é uma conquista meramente formal e sim uma radicalização da democracia”.
Hoje, as fronteiras econômicas, políticas e culturais estão diluídas pela globalização e não há nenhuma grande questão dos movimentos socias atualmente que não seja também uma questão local, nacional e mundial ao mesmo tempo, afirma Tarso Genro.
Ele acredita que se não há igualdade social, mas sim “uma igualdade de proferir o discurso”, e relembra que, anteriormente, 99% da composição das mesas de debates eram formadas pela elite, que negociava com o grupo dominante os seus interesses.
Na atualidade, por uma necessidade básica, surgiu um novo tipo de relacionamento com as classes populares, “colocando todos no mesmo barco”. Esse novo relacionamento é percebido, prossegue Tarso, com os novos movimentos sociais, “que ainda não foram compreendidos pelos partidos políticos, recebendo atenção apenas em momento eleitoral. Por serem fragmentários, não podem ser instrumentalizados, nem aparelhados”.
Na opinião do ministro, a Cufa agrega, nas periferias, esta diversidade cultural dos novos movimentos sociais, porque “agora não é mais o imaginário dos sindicatos das grandes fábricas modernas, mas é outro imaginário, do movimento Hip Hop, uma sociedade fragmentada que se reúne para discutir as suas necessidades como articuladora com a instância política”.
O ministro relembrou antigas lutas que, segundo ele, mostram a mudança na agenda dos debates políticos. Uma delas foi a política de cotas nas universidades, ferozmente combatida pelos setores reacionários do país, mas que uma vez implantada mostra a sua eficiência como instrumento de inclusão do negro no universo acadêmico, reparando assim uma injustiça histórica.
Tarso Genro finalizou falando que o Pronasci é uma ruptura do paradigma da segurança pública do país, acrescentando que a Cufa é uma importante parceira para o sucesso desta estratégia.
“A Cufa é importante para o Pronasci e para o Brasil”, declara o ministro.
Coordenadora da Unesco se emociona com a Cufa23 de outubro de 2008
Marlova Noleto (coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil) e Celso Athayde.
Por Rísia Lima/Cufa TOA coordenadora geral da Área Programática e de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, esteve no encontro da Central Única das Favelas, Cufa, na tarde desta quinta-feira (23) falando sobre a relação entre a Cufa e a Unesco, que já vai completar 10 anos.
Marlova comentou sobre os espaços que a Cufa vem conquistando ao longo dos anos. Mostrou-se orgulhosa por ver “algo que começou tão pequeno, como uma idéia, ganhar uma dimensão tão grande, capaz de influenciar na construção de políticas públicas. Até pouco tempo essa conversa era com os intelectuais, com os políticos, a periferia era considerada apenas como uma beneficiária dos programas”.
O sucesso da organização Cufa já rompeu as fronteiras. “A Unesco está fazendo um projeto com uma universidade inglesa para estudar a Cufa e o Afro Reggae, movimentos que vêm das comunidades, liderados por pessoas da comunidade que conseguem sair do morro e chegar ao asfalto com muita coisa para ensinar”, anuncia Marlova.
Ela disse ainda que estes movimentos “impõem um espaço que vai além da interlocução, um espaço de respeito. Isso não é tarefa fácil e nem é pouca coisa, os governos tendem a se isolar e serem auto-referentes, acham que sabem fazer. A Cufa está ampliando esses espaços de interlocução”, afirmou Marlova.
De um modo geral as ONGs surgem com muita força, fazem um caminho de ascensão, atingem o apogeu e a tendência é entrar em declínio, a Cufa fez um processo inverso, atingiu o apogeu com o lançamento de “Meninos do Tráfico” e soube manter e consolidar esse estado. Se estabeleceu no patamar de influência e penetração nos espaços públicos, nos 27 Estados, consolidando a interlocução com prefeitos, governadores, presidente da república, organismos internacionais e meios de comunicação.
Segundo Marlova, mais que respeito, a Cufa conquistou o carinho dos parceiros, construiu uma relação de amizade, companheirismo e igualdade. ” Não me importo se as autoridades gostam de mim, porque elas são passageiras, mas a Cufa gostar de mim, isso é muito importante . meu coração se orgulha e se emociona.
“A Cufa não é um fenômeno. Espero que nossa relação, que vai comemorar 10 anos, dure no mínimo meio século, construída baseada em valores que temos em comum de acreditar em um Brasil mais justo e melhor para todos. Para as pessoas que constroem o Brasil, que moram nas periferias, que constroem essas riquezas e estão ralando muito, a Cufa constrói oportunidades, espaços de inclusão, para mim vocês são parceiros que vieram pra ficar na minha vida”, afirmou Marlova, emocionada.
“Vocês estão ficando muito grandes para o Brasil o caminho de vocês é o mundo!”, concluiu.
Ministro da Igualdade Racial prestigia o Encontro da Cufa
Reinaldo Gomes (Coordenador de Políticas de Juventude), ministro Edson Santos, MV Bill, Celso Athayde e Danillo Bitencourt (presidente nacional da Cufa)
Por Alisson Almeida – Cufa/RN
O terceiro dia do Encontro Cufa/Pronasci foi marcado por uma programação extensa, com diversas palestras, debates e trocas de experiências. Apesar do cansaço físico, os cufianos de todo o país participaram ativamente do evento, interagindo com os convidados para tirar deles o máximo de informações, conhecimento e direcionamento possíveis.
As atividades começaram com a palestra do ministro Edson Santos da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seprir). O ministro iniciou sua participação falando sobre o atual momento de protagonismo da juventude e dos movimentos sociais vivido no país. Ele citou a Cufa como exemplo desse fenômeno.
“A juventude da periferia é o grande desafio para o governo e a sociedade civil, no sentido de oferecer perspectivas para esses jovens. Hoje, em nosso país, a Cufa é a instituição de maior legitimidade na interlocução com o jovem da periferia”, declarou o ministro.
Edson Santos disse que, desde a década de 1980, o Estado se distanciou das comunidades periféricas, resultando na ocupação desses espaços, principalmente, pelo narcotráfico, atraindo os jovens para aquilo que classificou de “modo de vida efêmero”.
Aproveitando o tema, o ministro destacou a importância do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania - Pronasci, ressaltando que o programa visa estabelecer um novo modelo de segurança pública e, ainda, atrair a sociedade para o envolvimento nessa causa. “Isso seria impossível sem uma interlocução com a sociedade e os seus movimentos”.
Ele emendou afirmando que a juventude negra é um importante alvo desse programa de segurança cidadã. Segundo ele, o objetivo é dar um recorte racial às ações do Pronasci, para que o jovem negro saiba que ele é objeto das ações do Estado brasileiro.
“O Pronasci precisa dar ao jovem negro a percepção de que ele tem uma alternativa de vida, de formação e de trabalho”.
Mais uma vez, o ministro citou a importância da Cufa como ator da interlocução necessária com os jovens da periferia, que formam o público alvo do Pronasci.
Edson Santos encerrou sua fala chamando atenção para a relevância de se discutir a elevação da auto-imagem do jovem da periferia, principalmente o jovem negro. “É importante que o jovem negro seja visível a partir da sua potencialidade”, finalizou, sendo aplaudido de pé por todos os cufianos.
André Skaf fala sobre diálogo entre Cufa e empresariado
Celso Athayde, André Skaf e MV Bill
A formação de novas lideranças empresariais que dialoguem com os movimentos sociais. Esse foi o principal tema da participação do jovem empresário André Skaf no Encontro Cufa/Pronasci.
Skaf é criador do movimento “Novos Líderes”, que reúne um grupo de jovens empresários brasileiros, cuja missão maior é “ajudar a construir novas lideranças país a fora”.
“O Brasil tem várias preocupações, mas a maior delas é a questão da nova geração, que serão os próximos líderes desse país. Nosso papel é tentar ajudar a construir essas novas lideranças pelo país”, observou.
O empresário fez questão de dizer é um “parceiro de longa data da Cufa”. Segundo ele, a Cufa é a constatação de que é possível “criar pontes entre os empresários e a favela”.
“Não existe mais a possibilidade de uma sociedade andar de forma desconexa. Isso não traz benefício para ninguém”, declarou.
Para ele, a nova geração de líderes brasileiros mudou e, em conseqüência, mudaram também os parâmetros e as preocupações. Entre essas novas preocupações, ele colocou a questão da responsabilidade social.
“Temos potencial para trabalharmos juntos com a Cufa em vez de ficarmos separados”.
Para construir a parceria entre a Cufa e empresários, André indicou o caminho: “A melhor forma de sensibilizar os empresários é dialogar com a nova geração. Eles são uma ponte muito importante, porque têm certa representatividade e irão substituir a atual geração de empresários em 10 anos”.
André lançou a proposta de realizar encontros estaduais dos empresários do movimento de “Novos Líderes” com cada base da Cufa. “Nós (empresários) não somos os novos líderes isoladamente. É preciso juntar todo mundo, fazer a conexão com a liderança social, liderança estudantil. Não podemos enxergar mundos separados”, finalizou.
Política Pública de Esporte em debate
Wadson Ribeiro, secretário-executivo do Ministério dos Esportes, ao lado de Celso Athayde
Na última atividade da manhã, o secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Wadson Ribeiro, abordou a necessidade de construção de uma política pública de esporte com a participação dos movimentos sociais.
“Temos que construir políticas públicas com os movimentos sociais, sem que esses movimentos sejam porta-vozes do governo, mas que tenham liberdade, inclusive, para discordar dessas políticas quando elas não estiverem dando mais certo”.
Para o secretário, “ter acesso à prática esportiva é quase um luxo para a maioria da juventude brasileira”.
Wadson relacionou projetos do Ministério dos Esportes em parceria com o Pronasci. O “Pintando a Cidadania” são cooperativas onde o Ministério dos Esportes monta uma verdadeira fábrica de material esportivo.
O programa “Praças da Juventude” visa atacar a defasagem de infra-estrutura esportiva. Essas praças são construídas numa área de 8 mil m², totalmente equipadas. Além de construir, ele frisou que é preciso ter uma política de utilização dessas praças. “A Cufa pode intermediar essa discussão sobre o conselho gestor e administração dessas praças”.
O terceiro programa é o “Esporte e Lazer da Cidade”, que abrange várias manifestações esportivas. Ele citou a idéia de criar escolinhas de basquete de rua.
MV Bill marca presença no Encontro da Cufa
MV Bill, presidente de honra da Cufa
O rapper MV Bill, presidente de honra da Cufa, também marcou presença em Brasília nesta quarta-feira, 22. Ele fez questão de deixar sua mensagem e falou da felicidade por esse “Encontro” e lembrou-se de outros encontros da Cufa, na Cidade de Deus (RJ).
“Esse é um momento importante e histórico. Eu acredito na força do diálogo. Ele constrói pontes importantes para o futuro”, disse em tom emocionado.
“Algumas transformações começam a acontecer. Esse encontro demonstra isso. As frentes que estão aqui, que estão dialogando, antes só se encontravam na hora de brigar. Hoje, temos aqui a Cufa, a imprensa, o governo e o empresariado conversando sobre parceria”, continuou.
Bill finalizou sua saudação aos cufianos com um alerta. “Temos muito trabalho pela frente. Apesar dos passos dados, ainda há muita coisa para modificar”.
Parceria CUFA / Rede Globo
Luiz Erlanger (diretor-geral de Comunicação da TV Globo), Zezé (coordenador da CUFA Ceará) e MV Bill
Outro convidado do evento, o diretor-geral de Comunicação da Rede Globo, Luiz Erlanger, iniciou a programação da tarde falando sobre a importância da parceria entre a Cufa e a Globo.
Erlanger definiu a Cufa como “o movimento social de rede mais importante do Brasil”. Em seguida, ele explicou o porquê da Rede Globo escolher a Cufa para estabelecer uma parceria.
“Quando fazemos parcerias sociais, fazemos porque, primeiro, somos uma concessão pública. Em segundo lugar, porque apostamos no Brasil”.
Ele lembrou que o marco do relacionamento Cufa/Globo foi a vinculação do documentário “Falcão – Meninos do Tráfico”.
Maria Helena Carvalho, gerente de Desenvolvimento de Afiliadas da TV Globo, falou sobre a construção do projeto de parceria entre a Cufae as afiliadas da emissora nos Estados para realização da LIBBRA.
O diretor de Marketing da emissora, Eduardo Furtado, destacou a importância de fazer o pós venda para os patrocinadores dos eventos, neste caso específico da LIBBRA.
Secretário do Pronasci fala sobre desafios do programa
Ronaldo Teixeira, secretário-executivo do Pronasci, fez a última apresentação do dia. Ele fez uma retomada sobre os princípios do programa, salientando que a filosofia é fazer a junção entre ações sociais e ações de segurança.
Sobre a parceria entre a Cufa e o Pronasci, Ronaldo disse que “o desafio é fazer com que os invisíveis ganhem visibilidade”.
Estados apresentam ações desenvolvidas e planos para 2009
Por Katia Drummond e Rísia Lima
A manha desta terça-feira, 21, foi marcada pela apresentação de projetos dos Estados. Dinorá Rodrigues abriu com a apresentação sobre a base do Rio Grande do Sul, que só este ano atendeu mais de 25 mil jovens. Tom mostrou como em Belo Horizonte a Cufa vem fazendo a diferença, investindo na visibilidade de comunidades até então esquecidas. Ana Ostapenko apresentou as propostas da Cufa no Mato Grosso do Sul, que pretende encarar de frente os problemas enfrentados por etnias indígenas marginalizadas, vítimas de problemas como drogas e alto índice de suicídio - o número chega a 180 por ano, entre os jovens de 12 a 30 anos. De Natal, Rio Grande do Norte, Alisson Almeida falou sobre as prioridades da Cufa local e seu planejamento para 2009, apresentando projetos como a Rede Joven de Comunicação, que pretende transformar a imagem dos jovens de comunidades estigmatizadas pela violência e pelo crime.
Danillo Bitencourt, da Bahia, emocionou a todos com o projeto de alfabetização “Sábado eu também estudo”. O nome do projeto homenageia uma garota de cinco anos, que disse querer uma vida diferente da do pai alcoólatra e da mãe que apanha. Para isso, a menina disse que se fosse preciso estudaria áté mesmo no sábado, segundo relato de Danillo. Preto Dicko mostrou o sucesso do Maranhão, que com 2 anos de existência transformou uma casa de prostituição em escola para crianças de baixa renda. Audaciosos, os maranhenses pretendem agora comprar o local, para que fique definitivamente sob a direção local.
Ernando Ferreira, do Ceará, falou sobre as diversas ações nas áreas de gênero, basquete, hip hop e sobre os planos para o Condomínio Cultura, a ser montado na praia de Iracema.
Eleita Nova Direção Nacional
Por Alisson Almeida/ Cufa RN
Após um rápido intervalo, o evento seguiu com as intervenções do público sobre as apresentações realizadas pelos sete Estados no início da manhã. Foi o momento da troca de experiências, de tirar dúvidas e de inspiração para novas realizações.
Celso Athayde ressaltou que os trabalhos realizados pelas bases da Cufa em todo o país demonstravam “a essência do Hip Hop”, que nada mais é que a capacidade de transformar a vida das pessoas. “Hip Hop que não transforma a vida das pessoas não é Hip Hop”, declarou.
Em outro instante, abriu-se o debate sobre a eleição da nova presidência da Cufa. Celso esclareceu que a função da presidência não é “comandar burocraticamente” a instituição, porque a Cufa é uma construção coletiva. O objetivo é ter um porta-voz que represente e estimule a participação de todos no debate sobre o crescimento da Cufa.
Realizada a eleição, o nome do Danillo Bitencourt da Cufa Bahia foi escolhido como novo presidente da Cufa. Para a vice-presidência, o nome escolhido foi da Kalyne Lima da Cufa Paraíba. Muitos discursos destacaram a importância da eleição do Danilo, assumidamente homossexual, como símbolo da quebra de um paradigma que associa o Hip Hop, base da Cufa, ao homofobismo e ao sexismo. “É uma sinalização política que estamos dando à sociedade, mostrando que estamos vivendo um novo momento dos movimentos sociais e, no caso específico, da Cufa”, frisou Alzira Silva da Cufa Amapá.
O presidente eleito disse que assumir a presidência da Cufa “é um desafio”, mas emendou destacando que os votos em seu nome não deveriam ser motivados pelo fato de ser gay ou branco, mas que, em primeiro lugar, “por ser um cidadão brasileiro, que acredita na causa da Cufa”.
Imediatamente, Danillo passou a integrar a mesa do evento. Para comemorar a eleição, todos os participantes caíram na pista e improvisaram uns passos de rap com Kalyne mandando ver no vocal.
Cufa e Ministério da Justiça discutem segurança pública em Brasília outubro de 2008
São vinte e sete estados construindo reunidos discutindo políticas para a favela
Por Fernanda Quevedo/CUFA MT
Bases da Cufa estão reunidas em Brasília para participar da Oficina de Construção do projeto Pronasci, do Ministério da Justiça. Ontem pela manhã a coordenadora do Projeto Mães da Paz, Lélia Almeida, o assessor para interlocução com movimentos sociais, Celso Alberici, o coordenador de políticas publicas para juventude, Reinaldo Chaves e o assessor do ministro da justiça, Alberto Kopittike constituíram a mesa, que tratou da construção de políticas públicas para a segurança. A discussão foi mediada pelo Coordenador Geral da Cufa, Celso Athayde.
O Núcleo de Mulheres da Cufa, que antecedeu a explanação de Lélia Almeida, pontuou a importância de uma articulação com o Pronasci para que mulheres vítimas de violência sejam capacitadas como lideranças, atuando assim na efetivação do programa. Haja vista que é uma das parcelas da sociedade que mais sente os reflexos da falta de segurança.
Alberici ressaltou que a participação da sociedade civil organizada no Pronasci é fundamental desde construção até a execução do projeto.
Já Reinaldo Chaves acrescentou que é imprescindível o debate para a melhoria da segurança pública. Disse ainda que esta precisa ser mais abrangente e transversal. Chaves também brincou dizendo que só agora entende porque a Cufa “dá certo”, pois é direcionada em sua maioria por mulheres.
Kopittke apresentou as premissas do Pronasci. Falou sobre a reestruturação dos conselhos nacionais, estaduais e municipais de segurança publica, reforçando a importância da participação da sociedade civil organizada junto aos trabalhadores (policiais, e profissionais de segurança), para a verdadeira mudança das estruturas sociais.
A oficina de construção refletiu um momento histórico, em que a favela conquista voz ativa na construção de políticas especificas para as questões que lhe são cotidiana. Ainda muito para ser feito, e precisa ser feito por milhões, bem como disse Alberto Kopittke. A programação continua até a quinta-feira dessa semana.
CUFA BRASIL
http://www.mj.gov.br/pronasci/data/Pages/MJA4C659C5ITEMID3DB5B417286B4735879A4BB191B40302PTBRNN.htm
22/10/2008 - 18:16hPronasci e Cufa juntos no combate à criminalidade
Brasília, 22/10/08 (MJ) – O ministro da Justiça, Tarso Genro, participa nesta quinta-feira (23) do encerramento do Seminário Pronasci - Cufa, às 9h em Brasília. O encontro, que teve início segunda-feira (20), reúne representantes da Central Única das Favelas (Cufa) de 27 cidades do Brasil. O objetivo é a construção de um novo projeto destinado aos jovens para o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Também participarão da cerimônia o presidente de honra da Cufa e rapper, MV Bill, e o coordenador-geral da entidade, Celso Athayde, ambos produtores do documentário “Falcão: meninos do tráfico”. O filme foi divulgado pela TV Globo e retratou a história de adolescentes de favelas do Rio de Janeiro envolvidos no tráfico de drogas. O Pronasci vai aproveitar a experiência da Cufa, adquirida ao longo dos seus 20 anos de existência, para adaptar ações preventivas já existentes à nova visão proposta pelo programa, atingindo, principalmente, o seu público-alvo: os jovens. O projeto criado pelo Pronasci-Cufa será executado a partir do ano que vem nos estados e municípios integrantes do Programa. A primeira parceria entre o Pronasci e a entidade ocorreu no primeiro semestre deste ano com o 4º Campeonato Nacional da Liga Brasileira de Basquete de Rua (LIBBRA). A final do torneio, que ocorreu em junho, no Rio de Janeiro, também teve a presença do ministro Tarso Genro. A Cufa é um movimento social criado a partir da união entre jovens de várias favelas do Rio de Janeiro – principalmente negros – que buscavam espaço para expressar suas atitudes, questionamentos ou simplesmente a vontade de viver. A entidade utiliza o hip hop como principal forma de expressão e ferramenta de integração e inclusão social e tem como um dos fundadores o rapper MV Bill.
O Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci) foi criado há pouco mais de um ano com um grande desafio: diminuir os altos índices de violência das grandes regiões metropolitanas brasileiras. O Programa inova ao articular políticas de segurança pública com ações sociais para enfrentar a criminalidade. Atualmente, o Pronasci está em fase de implementação em 18 estados e 84 municípios. Até 2012 será estendido a todo o território nacional. Entre os principais eixos do Pronasci destacam-se a formação e valorização dos profissionais de segurança pública, a reestruturação do sistema penitenciário, o combate à corrupção policial e o envolvimento da comunidade na prevenção da violência. Até o fim de 2012 o governo federal investirá R$ 6,707 bilhões no desenvolvimento de 94 ações que envolvem União, estados e municípios.
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/10/23/materia.2008-10-23.5241901202/view
Seminário discute parceria para evitar que jovens sejam atraídos pelo crime Lisiane Wandscheer Repórter da Agência Brasil
Elza Fiúza/ABr
Brasília - O ministro da Justiça, Tarso Genro, participa do encerramento do seminário Pronasci - Cufa, que reúne representantes da Central Única das Favelas de 27 cidades .Em primeiro plano o representante da Cufa /CE, Francisco Lima Brasília - Propostas para evitar que o jovem das regiões metropolitanas, principalmente moradores de favelas, seja atraído pela criminalidade foram debatidas durante toda essa semana por cerca de 50 integrantes da Central Única de Favelas (Cufa).Eles participaram de um seminário proposto pelo Ministério da Justiça e que faz parte do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Hoje (23), durante o encerramento, o ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou que a parceria com a Cufa poderá contribuir para agregar a diversidade presente na periferia. O objetivo é que a organização apresente projetos culturais, esportivos voltados aos jovens.“O estado dispõe de mecanismos de aproximação, de integração social, que podem iniciar um processo de resgate desses jovens que estão no caminho do crime ou para serem controlados pelo crime organizado nestas regiões”, diz Tarso.A Central Única de Favelas é uma organização criada a partir da união de jovens de várias favelas, inicialmente, do Rio de Janeiro, formados, em sua maioria, por negros. Atualmente, atua em 80 municípios dos 27 estados brasileiros, abrangendo cerca de 480 mil jovens. A proposta da Cufa é atender, além dos jovens moradores de faveles, os que estão em conflito com a lei e os egressos do sistema penal. As ações integrarão o Projeto Invisibilidade.O coordenador nacional da Cufa no Ceará, Preto Zezé, afirma que é importante dar oportunidades para os jovens, principalmente os de baixa renda. "Assim, ele acessa as riquezas que estão do lado de lá, a tecnologia, o conhecimento, o contato as pessoas, as políticas públicas e retorna para sua comunidade, de forma que ele mude a si próprio e o entorno onde ele está inserido”.Para o coordenador nacional da Cufa no Rio Grande do Sul, Manoel Soares, esses jovens passam por um processo diário de "invisibilidade social" e têm dificuldades no acesso a políticas públicas. Entretanto, essa situação, segundo ele, pode ser descontruída.“Quando eu era criança arquitetei o roubo de uma bola de basquete. Eu já tinha observado que o dono da loja saía e estava planejando, entrar na loja e roubar uma bola para eu ter em minha casa. Quando eu cheguei em casa, a minha mãe me entregou uma bola de basquete, mais simples. Eu vi a alegria dela. Ela disse: 'olha, taí ó. Eu tô vendo que você tá gostando desse negócio de basquete'.”Soares afirma que da mesma forma que a sua mãe conseguiu quebrar um "ciclo de delito", outras ações também podem ter o mesmo resultado. Ele cita a proposta de pagamento de bolsas aos jovens - incluída no Pronasci - como uma alternativa para contribuir para uma mudança cultural e inibir o ingresso do jovem ao mundo do crime.“Mesmo que não seja uma intervenção como a do tráfico, que hoje dá ao jovem R$ 2 mil a R$ 3 mil por semana, uma intervenção financeira, às vezes menor, acaba tendo um emblema de que a honestidade vale a pena e o trabalho funciona, inibindo o processo de ingresso desse jovem no mundo do crime”, garante Soares.
O ministro Edson Santos cercado pelas lideranças da CUFA: "Somos o grilo falante do Governo, lembrando a todas as áreas da importância do recorte racial nas políticas públicasFoto: Isaac Amorim
participou na manhã da última quarta-feira (22/10), em Brasília, de um debate sobre o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) com lideranças da Central Única de Favelas (CUFA) dos 27 estados brasileiros.Desenvolvido pelo Ministério da Justiça, o Pronasci marca uma iniciativa inédita no enfrentamento à criminalidade no país. O projeto articula políticas de segurança com ações sociais; prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança pública.“A cidade informal, em todo o mundo, cresce numa velocidade muito maior do que a cidade formal. As pessoas vivem em aglomerados sem os serviços essenciais, o que aumenta a distância entre os moradores destes locais e o Poder Público. Esse espaço acabou sendo ocupado pelo narcotráfico, que atrai os jovens da periferia, a maioria deles negros, para um modo de vida muito violento e efêmero. Daí a importância da atuação do Pronasci junto à juventude. O que seria impossível sem a existência de interlocutores como a CUFA”, afirmou o ministro, que completou: “A SEPPIR é parceira do Pronasci com o objetivo de dar recorte racial às ações do Programa. A Secretaria é o grilo falante do Governo, lembrando a todas as áreas da importância do recorte racial nas políticas públicas. Somos o grilo falante do Governo, lembrando a todas as áreas da importância do recorte racial nas políticas públicas”.A apresentação inicial do ministro foi seguida de um longo debate com as lideranças do movimento, criado em 1999 a partir da união entre jovens de várias favelas do Rio de Janeiro – principalmente negros – que buscavam espaços para expressarem seus questionamentos. A CUFA cresceu e se capilarizou para todos os estados brasileiros. E continua tendo no Hip Hop sua principal forma de expressão. Na conversa com o ministro, além do Pronasci, foram discutidos temas com a legalização do aborto, a implantação da lei 10.639 (que cria o ensino obrigatório de História da África em todas as escolas brasileiras), e o sistema de cotas raciais para ingresso nas universidades públicas.